O VERÃO DE 1985 E O PALCO DA CONTRADIÇÃO: ROCK IN RIO, REBELDIAJUVENIL E A REDEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA

O artigo examina o Rock in Rio de 1985 como um evento cultural multifacetado que espelhou as complexidades da redemocratização brasileira. Enquanto o festival reverberava a euforia juvenil e a liberdade após anos de ditadura, a análise revela uma transição democrática mal resolvida, marcada pela ausência de justiça de transição e uma "política de esquecimento". Essa democracia forjada evidenciou um descompasso entre a celebração no palco e as profundas lacunas políticas do país. Paralelamente, o estudo traça a trajetória do Rock Nacional, que, apesar de enfrentar resistência inicial, consolidou-se como um poderoso grito de contestação. Contudo, a estética de rebeldia do gênero, ironicamente, foi cooptada por narrativas reacionárias no cenário contemporâneo. O Rock in Rio, portanto, emerge como um símbolo claro da indissociável relação entre cultura e política, ressaltando os contínuos desafios na construção de uma democracia plena e consciente no Brasil.