O presente artigo objetiva investigar como a memória dos estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mortos durante a Ditadura Militar brasileira (1964-1985), é exercida, disputada e materializada no espaço físico e eventos do campus. Superando uma abordagem puramente institucional ou uma narrativa linear da resistência universitária, a pesquisa busca entender a universidade não como cenário passivo, mas como agente ativo na produção e reprodução de sentidos sobre o passado. A metodologia baseia-se em um estudo de caso qualitativo, que articula a revisão bibliográfica sobre memória e história, com destaque para autores como Rodrigo Patto, Marcos Napolitano e Beatriz Sarlo, e a análise de marcadores físicos (monumentos, nomeações de espaços estudantis), eventos institucionais (cerimônias de reparação) e manifestações artísticas no campus. Os resultados apontam que a memória se materializa na paisagem universitária e é dinamizada por meio de uma interação dinâmica entre as ações institucionais e a apropriação simbólica realizada pelo movimento estudantil, que funcionam como atos de reparação simbólica e reafirmação de valores democráticos. Identifica-se, ainda, uma falta de discussões entre a memória dos estudantes que sofreram na Ditadura, na abordagem da História acadêmica. Conclui-se que tais manifestações transcendem a simples homenagem, configurando-se como contínuos atos políticos que desafiam narrativas negacionistas e reafirmam o compromisso com a justiça e a democracia, consolidando o papel da universidade como um campo ativo nas "batalhas de memória".